Com o Clube pude me desenvolver imensuravelmente enquanto instrumentista, estudando mais afundo a estética do violão de 6 cordas nos regionais de choro e o repertório local e regional do gênero . Além é claro de ter contato de perto com diversos personagens que fizeram e fazem a história do movimento na cidade.
Tocamos em diversas ocasiões: na virada cultural 2019, nas feiras do livro 2018/19, feira do livro em Arroio Grande, Casa do Tambor, Dia do Patrimônio 2018/19/22, Dia Municipal do Choro, eventos acadêmicos da UFPel de todos os tipos e mais todas as rodas promovidas no Mercado Municipal de Pelotas e nos demais espaços em que o Clube circulou nesse meio tempo em que participo.
No ano de 2020 com as atividades reduzidas devido a pandemia de COVID, iniciamos uma fase voltada pra Pesquisa e Ensino. Passamos no edital de abrangência nacional da Funarte, o Arte em Toda a parte. Foi a primeira vez que atuei na produção de um projeto dessa magnitude e pra nossa alegria fomos aprovados. Ali desenvolvemos os primeiros materiais referentes as oficinas do Clube, que hoje já acontecem e são um sucesso. Executamos um projeto de ensino da linguagem do Choro baseado nas obras de compositores e instrumentistas locais. A oficina que fiquei responsável foi a de história do Choro.
Dividi a produção desse material com Gustavo Mustafé e Christopher Lemos. Esse material pode ser acessado aqui clicando na imagem:
Para termos registro fonográfico desse material reunido, gravamos o primeiro álbum do Clube. Esse projeto foi contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc pela Secretaria de Cultura de Pelotas. Nesse projeto atuei como produtor e instrumentista. Foi um desafio, pois foram 20 musicistas atuando remotamente, pude aprender muito sobre gestão. Toquei em duas musicas: Tio João e Mimoso.
Ja no ano seguinte, lançamos a primeira Revista do Choro Pelotense no ano de 2021. Nessa revista atuei na parte da produção, revisão e edição do material. A revista possui transcrição de músicas, resenhas críticas de álbuns, entrevistas e muito mais. Essa figura uma produção de muita relevância pro Clube e pro choro, principalmente na região Sul do Sul do país.
No final do ano de 2021 promovemos o 1º Festival do Choro de Pelotas. Foi uma experiência gratificante, pois tivemos muitas inscrições de diversos locais do Brasil e de fora dele. Mais uma vez fui o responsável pelas oficinas de História do Choro no Brasil e na cidade de Pelotas, dividida em 02 dias. Também fui mediador de algumas mesas de conversa sobre panoramas contemporâneos do Choro e o sobre o Cavaquinho Brasileiro. Além é claro de participar sempre da produção executiva do projeto. Essa ação foi contemplada com a Lei Municipal Orçamentária, que previu pra esse ano uma verba relacionada ao Patrimônio Imaterial e ao dia municipal do Choro.
Em Janeiro de 2023 ocorreu a 11° edição do Festival Internacional SESC de Música, em Pelotas. O festival que é um dos maiores da América Latina voltou após dois anos de pausa por conta da pandemia. Nesse ano foram homenageados três compositores brasileiros: Mozart Camargo Guarnieri, Heitor Villa-Lobos e Avendano Júnior. Pra nossa grande alegria, o Choro agora ganha cada vez mais espaço no festival e na cidade como um todo, frutos de um trabalho continuo e de muita qualidade.
Nessa edição também participei como aluno do curso de Choro pela segunda vez. Pude aprofundar meus conhecimentos na linguagem através das aulas de instrumento (no meu caso o violão), na prática de orquestra, na aula de composição e nas apresentações nos seus múltiplos formatos. Pude também absorver bem a metodologia pedagógica utilizada e passar a aplica-lá nas oficinas do Clube, que voltaram a ocorrer todas as segundas das 17 as 20 horas no Auditório 2 do Centro de Artes da UFPel. Lá sou professor de violão e instrutor geral.
Esse ano, como comentei acima, Avendano Jr. foi homenageado pelo festival e o Clube do Choro de Pelotas foi convidado a realizar uma apresentação no Teatro Guarany, plea programação oficial do SESC. Foram três grupos, dois formados por integrantes do Clube e o terceiro formado pelo lendário Regional Avendano Jr.
Pra mim foi uma honra estar ao lado de tanta gente talentosa. O Clube me acolheu lá em 2018 e desde então tem só agregado na minha vida de forma geral. A apresentação pode ser assistida clicando aqui. Abaixo deixo algumas fotos desse festival incrível que me lembrou tudo o que o Choro significa pra mim, me trouxe de volta a razão de eu ter buscado um bacharelado em Música e segue renovando minha fé e meu compromisso com essa linguagem todos os dias.
Após o Festival do SESC, realizamos a gravação de um álbum, que ainda está no processo de finalização e provavelmente será lançado no ano de 2024, juntamente ao novo songbook com diversas musicas inéditas de Avendano Jr. Gravamos algumas dessas músicas com arranjos originais e mal posso esperar pra compartilhar aqui esse trabalho!
Na sequência do Festival, iniciamos o 2º módulo das oficinas de choro pelo projeto Encontros no Choro: introdução e vivência. O Projeto Unificado Encontros no Choro: Introdução e Vivência oferece atividades práticas, abertas e gratuitas que contemplam os instrumentistas de sopro, cordas, percussão, cavaquinho e violões, membros da comunidade da UFPEL e da cidade. Os encontros acontecem às segundas-feiras das 17h às 21h, no Centro de Artes da UFPEL (Rua Álvaro Chaves, 65). Nesse período realizamos aulas práticas com os instrumentistas em turmas separadas seguidas de uma prática de Bandão que consiste em uma orquestra de choro, envolvendo todos participantes e um repertório comum. Após o Bandão, realizamos a subdivisão de alunos em pequenos grupos também conhecidos como regionais para realizar uma prática de conjunto que consegue explorar mais do repertório do Choro e ao mesmo tempo ter um acompanhamento mais direcionado, com professores experientes e atentos. Além das práticas por instrumento, o projeto oferece aulas de harmonia no choro e aulas de violão iniciante, ministradas nas terças feiras das 18 às 19, também no Centro de Artes da UFPel e promove em parceria com o Clube do Choro de Pelotas uma roda de Choro a cada 3° sábado de cada mês no Mercado Municipal, além de outras apresentações em eventos da cidade.
Depois de 5 anos atuando voluntariamente no projeto, fui contemplado com uma bolsa de extensionista pela UFPel. Atuei ministrando as aulas de violão, violão iniciante, orquestra de Choro e prática de conjunto, junto a mais professores. Tivemos uma média de 60 a 70 pessoas por semana, envolvidas com as oficinas e foi um espaço de um riquissimo aprendizado para mim. Além de ter sido a primeira vez que dei aula para turmas, consegui conhecer muitas pessoas da comunidade pelotense, o que enriqueceu imensamente a minha vivência na cidade como um todo.
Pude experimentar na prática a criação conjunta de arranjos coletivos direcionados, um exemplo bem bonito foi o da música Resmungão, de Aloim Soares que pode ser conferida aqui. Com o Bandão nos apresentamos no Mercado Público Municipal, na Biblioteca Pública Municipal e na Universidade Federal de Pelotas. Foi muito potente perceber que algumas das pessoas que participavam do projeto, mesmo sendo pelotenses, nunca havia entrado nesses espaços. Além disso, com o passar do tempo, algumas integrantes do projeto passaram se sentir tão pertencentes ao ambiente universitário que deram entrada nos cursos tanto do Bacharelado quanto o de Licenciatura em Música na UFPel.
Esse processo se intensificou no final do ano, mais especificamente nos dois meses antecedentes a 15 de novembro, data em que iniciamos o 2º Festival do Choro de Pelotas. Fui produtor executivo, professor e um dos coordenadores pedagógicos. Foi um desafio sem tamanho produzir um evento desse tamanho, com o caráter gratuito e de maneira independente. Não tivemos apoio financeira de nenhuma instituição pública ou privada. Tivemos sim apoios de logistica e estrutura com a Secretaria de Cultura de Pelotas, Pró reitoria de extensão da UFPel, PEPEU UFPel e as iniciativas privadas, Terrario, Fábrica Roca, Beco da Beth e Nicas Casa Pub, que abraçaram o evento, sediando rodas e apresentações. Além disso, o Clube Caixeiral e o Conservatório de Musica, palco dos shows do evento. A Fabrica Rocca ainda merece um agradecimento especial, pois forneceu alimentação a equipe que trabalhou no evento durante os 4 dias.
Com mais de 110 pessoas inscritas e uma programação extensa e bem recheada, não foi fácil dar conta de tudo. Aprendi muito, muito, muito mesmo sobre produção de eventos. Também aprendi muito no quesito pedagógico, foram as maiores turmas as quais ministrei aula e pude desenvolver em muitos niveis a minha didática. Foi muito lindo tudo o que rolou nesses dias, as trocas, os aprendizados e as apresentações belissimas. Só tenho a agradecer a todas as pessoas que confiaram em mim enquanto produtor, professor e artista.
Após 6 anos de dedicação intensa ao Clube, me despedi agora em 2023, com a decorrência da minha mudança de Pelotas – RS. Eu sou grato de todas as maneiras possíveis pela acolhida e generosidade da turma do Choro de Pelotas, que confiou em mim e me ensinou muito do que sei. Desenvolvi a maioria das minhas habilidades enquanto pesquisador, músico, produtor, artista e professor junto do Clube e carrego com toda essa experiência, firmeza e uma bagagem sólida que me acompanhará em todos os lugares dos quais eu caminhar. Ao pessoal de Pelotas, tenham certeza que estarei a postos para somar nas ações e ideias sempre que preciso. O Choro em Pelotas tem história e segue firme!
Viva o Clube do Choro de Pelotas!!!!